O ex-jogador atuou por 25 anos, e sua despedida foi em um amistoso contra o Botafogo do Rio de Janeiro, onde marcou um gol no Tupy Cantanhede lotado
POR: JOSÉ BRILHANTE
Soló em jogo comemorativo dos craques de 1970 e 1980 Foto: José Brilhante |
O futebol na vida de Wilson Cabral Portilho,
o Soló, apareceu para o Brasil, não em terras tupinambaranas mas no Pará.
Em um belo dia “Cavuca” e “Dicoloi”,
parceiros que já possuíam status de craques em Parintins, mesmo sem querer,
traçaram seu caminho no esporte, com um convite para um happy hour (hora feliz).
Após o momento de lazer, acabou tento problemas com seus familiares e decidiu sair
de casa e seguir a vida.
A escolha foi Santarém, onde possuía uma amizade
com Ferreira, treinador do São Raimundo, que lhe deu a primeira oportunidade
como jogador em um time conhecido, para demostrar seu talento. Porém antes de
tudo isso queria ser cantor. Tocava e cantava nas noites de Parintins.
CLUBES
POR ONDE JOGOU
Com 14 anos, em 1970, já era titular de times
grandes em Parintins. “O meu primeiro time”, relata Solo, sentado na cadeira de
balanço, “foi o São Cristóvão, depois a Jack Clube e após isso a Seleção
Parintinense”.
Quando voltou da seleção foi para o Atlético
Sul América, onde atuou apenas dois anos, e depois saiu pra jogar fora, direto
para o São Raimundo com duração de três temporadas, até ir para o Clube do Remo
e posteriormente para o Nacional de Manaus, por quatro anos.
CAMPEONATOS
BRASILEIROS E CARREIRA INTERNACIONAL
Participou de quatro campeonatos nacionais (1979,
1980, 1981 e 1982). Brasileiros que naquela época só tinha duas séries, A e B. Depois
foi vendido pra Bolívia, onde jogou durante três anos no Jorge Wilstermann (1983,
1984 e 1985). Conheceu e atuou com jogadores da Seleção Brasileira. “Tive o
prazer de jogar com Jairzinho, o furacão da copa de 70. Joguei com ele em dois
times, no Nacional e no time da Bolívia. Inclusive minhas férias eu passava com
ele lá no Rio de Janeiro, ele mora no Rio e eu tive uma vida muito rodada na
área do futebol” rememora, Soló, com alegria no rosto.
Acabou conhecendo todas as capitais do
Brasil, quando ia disputar o campeonato nacional. Conheceu principalmente, São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Porto Alegre.
TÍTULOS
CONQUISTADOS
No São Raimundo foi três vezes campeão (1976,
1977 e 1978), no Nacional de Manaus, quatro títulos (1979, 1980, 1981 e 1982).
Em Parintins foi campeão pelo Sul América quatro vezes, dois campeonatos
intermunicipais pela Seleção de Parintins e vice campeão também no Clube do
Remo.
APOSENTADORIA
E JOGO INESQUECÍVEL
O jogo aconteceu em 1987, entre Sul América
de Parintins e Botafogo (Estrela Solitária) do Rio de Janeiro, que estavam com
dois jogadores (Vitor e Josimar) da Seleção Brasileiro daquele mesmo ano.
A partida marcou não só a despedida de Soló
dos gramados, mas pelo resultado inesquecível.
No segundo tempo da partida, a falta ocorreu
distante da grande área a uns quarenta metros. Como o time era do interior, de
uma cidade pequena, os jogadores do Estrela Solitária não acreditaram que
aquele zagueiro (Soló) poderia ter um “foguete” nos pés.
Olhou para o gol e também para o Argueiro do
Botafogo, Jorge Lourenço, um goleiro uruguaio, quase da altura da trave e viu
em seu semblante a descrença de um gol daquela distância. Mas, muito antes,
para quem conhecia, Soló, uma falta era considerado praticamente “meio gol”.
Em seu histórico de cobranças de falta, existem
mais de 70 gols. Soló, viu cinco jogadores na barreira, e o momento de carinho
e amor com a bola se realizou. O chute certeiro pegou, igual à do saudoso
Roberto Carlos, Penta Campeão do mundo. A pelota fez uma curva fora dos
padrões, parecia que não ia entrar, mas foi bem na “gaveta”, na parte de cima do
travessão, o goleiro ainda se machucou na trave, mas ele não conseguiu pegar. E
o inimaginável aconteceu, o time inexpressível acabou empatando em 2 a 2 com o
grande clube do Rio de Janeiro.
NOSTALGIA
DOS CRAQUES LOCAIS
“O Sul América e Amazonas se você contar, dos
vinte e dois jogadores, todos eram jogadores de nome, goleiros como Mário, como
Ray, como “Sulanca”, aí, zagueiros, tinha o “Nazaque”, lá do Amazonas tinha o
Messias, lá do Sul América tinha eu, lá do Amazonas tinha o Gilmar, “Dicoloi”. O
nosso futebol teve uma época se qualquer time do Brasil quisesse pegar um
jogador, ele dava conta do recado”, relembra Solo.
VIDA
DE TÉCNICO
Começou
sua trajetória de treinador após o jogo contra o Botafogo. Treinou quase todos
os times de Parintins. Possui quatro títulos na equipe Esporte Clube Parintins
nos anos 90. Também foi Técnico do Sul América, Nacional, Estrela, Corinthians
e da Jack Clube. Todos clubes locais.
GRATIDÃO AO FUTEBOL
O
futebol trouxe muitas alegrias a Soló, e deu a oportunidade de conhecer pessoas
e lugares diferentes. Ele exalta o conhecimento de culturas, muito pelas
viagens que fez, para jogar futebol. É formado em Educação Física, no auge dos
seus 61 anos. Fala também que deve e tem muita gratidão pelo esporte que lhe
proporcionou fazer o que mais gosta. E que
é um orgulho passar para seus filhos o legado de sua história, e espera que
seus descendentes deem sequência. “Até agora eu não tenho nenhum filho que
surgiu aí nessa área de esporte, mais ainda tenho uns filhos pequenos aí, quem
sabe não podem dar alegria para o torcedor parintinense”, fala Soló finalizando
a sua narrativa de vida no esporte.