Edmilson
Mãe Querida, jogou por 27 anos no Atlético Sul América Clube, três anos pelo
São Cristóvão e foi convidado para fazer teste no Vasco do Rio de Janeiro, com
apenas 19 anos. Só não foi porque os pais não permitiram.
POR:
JOSÉ BRILHANTE
Mãe Querida nos tempos atuais e campeão em 1970 pelo Sul América
Com apenas 15 anos em 1954, em uma Parintins
pacata, com seus encantos da década de cinquenta (cinemas, passeios nas praças,
brincadeiras de bois na rua e cabarés), e com o futebol como principal entretenimento,
Edmilson, mais conhecido como Mãe Querida, começava a carreira no futebol.
O primeiro clube que o aceitou foi o Sul América,
o Sulamba, por intermédio de Codibí que o convidou. Segundo Mãe
Querida ainda não tinha recebido convite de ninguém: “Ninguém tinha me
convidado, aí como eu gostava de bola e sabia que o clube tinha jogadores bons,
fui para o treino, onde seu Davi, o técnico, me observou e gostou de mim”. Desde
então entrou no time.
O clube na ocasião, treinava no campo do Bangu,
que depois virou o campo do Estrela do Norte, chamado Quebra “Pica”, e onde
atualmente se encontra o curral do Boi Caprichoso.
Na época que Mãe Querida começou, o estádio Tupy Cantanhede ainda nem existia, era
o tabladão. O palco da história futebolística da ilha tupinambarana, foi
fundado somente em 1957, com o nome de seu idealizador.
Como Parintins nunca teve um futebol
profissional, os jogadores sempre foram amadores e tinham outros empregos.
“Saía do trabalho, como estivador do porto, na carreira para o campo. Gostava
tanto de jogar, que nem parecia que passava o dia todo trabalhando no
pesado. Chegava pronto para o jogo!” relata
Edmilson Mãe Querida, com felicidade
no rosto.
CONVITE
PARA JOGAR NO VASCO DA GAMA
Na ocasião, em 1959, com apenas 19 anos, era
titular do Sul América e estava trabalhando como estivador, embarcando juta em um
navio que ia para o Rio de Janeiro. O comandante da embarcação, também sócio
proprietário do clube vascaíno, sabendo do talento do ainda garoto Edmilson, fez a proposta:
-
Você quer fazer um teste no Vasco da Gama?
- Se
o senhor permitir, eu quero – responde Edmilson Mãe Querida
- Então
vou fazer o seguinte, amanhã tu já viaja – respondeu o comandante, encantado
pelo futebol do garoto parintinense.
Na manhã seguinte, Edmilson, com as malas
prontas e o entusiasmo lá no alto, ouve o pai indagando pra onde ele ia.
- E
essa maleta? Perguntou o pai
- É
para ir pro Rio de Janeiro, papai, fazer um teste no Vasco da Gama – respondeu
Mãe Querida
-
Você não vai, não tem nada assinado.
Aí o sonho de Edmilson foi embora, depois da
obediência perante o pai. O temor era justificável. Na época, sem muitos
conhecimentos, muito maldade era disseminada ou inventada para os parintinenses,
quando se tratava de grandes cidades.
TÍTULOS
Com uma longevidade incrível em um só clube, o
grande zagueiro, não deixou de ganhar títulos nos vinte e sete anos que atuou no
Atlético Sul América Clube. Conquistou 13 títulos (1957, 1958, 1959, 1960,
1964, 1965, 1967, 1969, 1970, 1973, 1974, 1977, 1980) do campeonato parintinense. Mas fotografados, a equipe de reportagem conseguiu somente três
títulos. Muito por causa da dificuldade
tecnológica da época, que não existia na cidade e também por mais de 70 anos
que se passaram e os arquivos foram se perdendo com o tempo.
Campeão de 1967, Sul América. Em pé: Edval
Viana, Lelé, Balaustre, Edmilson Mãe Querida, Dodô Menezes e Mario Gama.
Sentados, estão, Juran Vieira, Paulo Menezes, Cabinha, Ednei Faria e Zé
Augusto. Foto: livro Ecos da saudade
Sul América Campeão de 1969. Em
pé: Sulanca, JJ, Lelé, Edival, Sabá, Edmilson Mãe Querida, Alan e Dodó. Agachados
estão, Geraldo, Preto, Nonato, Paulo Castro, Sebastião, Bóda e Tenório.
Sul América, campeão de 1970. Em pé, da
esquerda para direita: Sulanca, Nonato Carcará, Aldari, Mãe Querida, Paulo
Castro e Dodó. Agachados: Viana, Alan, Preto, Boda, bode Bartolomeu, Pena e
João Júlio.
Foto: acervo pessoal de Paulinho Faria
APOSENTADORIA
Edmilson, ficou no Sulamba por 27 anos.
Entrou no time sendo apenas um menino. Saiu já com seus 42 anos e, encerrou a
carreira no São Cristóvão, jogando mais três anos. Agora já octogenário, aproveita
a vida na igreja, passeando pela cidade e conversando nos finais de tarde, na
frente da catedral, com os amigos das antigas.
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