segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Parintinense Delmo: “Minha história no futebol”


Para ir a Manaus, onde fez sucesso, levou o amigo também jogador Luiz Carlos, o Tubarão, que lhe defendia com “unhas” e “dentes”, em momentos difíceis. Para demostrar gratidão, exigia para os dirigentes do Nacional, seu primeiro clube na capital, que seu colega ganhasse o mesmo ordenado que ele. Inclusive a sua contratação só se deu com o Nacional, por uma condição: o Tubarão também teria que assinar contrato.


POR: JOSÉ BRILHANTE
Time de 1999, que conseguiu o acesso à série B do Campeonato Brasileiro
Fotos: divulgação


Delmo Arcângelo agora com 46 anos, começou a jogar em sua terra natal, Parintins, em meados da década de oitenta, na época do CRCC da Clarindo Chaves e Cordovil, ruas localizadas no centro da cidade de Parintins. Jogou ainda com nomes importantes da época como o goleiro Marco Aurélio, e Coimbra, lateral direito.
Em meados de 1987, faz um teste no Nacional de Parintins, clube de primeira divisão local. Mas, seu pai Ney, ex-jogador do Amazonas Futebol Clube (Cobra Coral) e torcedor fanático do mesmo time, interveio e o levou para seu time do coração. Na época o técnico era Parrudo, que colocou um apelido no ainda menino, até então desconhecido do público amazonense: “Ele me apelidou de Cólera, porque eu era muito magro e rápido” fala o maior artilheiro do estado do Amazonas, Delmo.
Fechou o ciclo no Cobra Coral em 1994 quando foram campeões do Campeonato Parintinense, invictos, com um time formado totalmente de graça. No mesmo ano foi para o Nacional de Parintins, clube que poderia ter iniciado à carreira no amador. “Em casa foi maior ‘pau’ quando descobriram. A minha família era toda Amazonas roxo. Mamãe era Amazonas doente e não gostou nada quando ouviu à notícia da rádio local anunciar que jogadores importantes do Cobra Coral estavam se transferindo para o Nacional (ainda de Parintins):

- Dois jogadores importantíssimos saíram do Amazonas e estão indo para nacional –anuncia a Rádio Alvorada com sua mãe ouvindo

- Quem será esses dois? Falou a mãe de Delmo praguejando sem saber que um dos jogadores era seu filho!

Delmo escondido, ouviu e viu a reação de longe. Saiu de “fininho”, voltou somente no fim da tarde e pegou uma “esculhambação”. Naquele tempo a rivalidade em Parintins entre clubes era ferrenha. E quando o jogador pertencia a um time que a família era torcedora, aí a situação piorava.


VOOS” MAIORES
Começou a participar da Seleção Parintinense e posteriormente da Copa dos Rios, uma competição intermunicipal entre todos os municípios do alto e baixo Amazonas.
Em um jogo pela seleção em Manacapuru, um técnico o viu, se interessou, porém as negociações não vingaram. As verdadeiras chances aparecerem quando conheceu Mário Gaúcho, um paulista que se encantou pelo seu futebol e o levou-o para fazer testes nos clubes da capital. Mas, não queria ir sozinho e acabou levando seu amigo Luiz Carlos, o Tubarão, também jogador. O primeiro teste foi no Fast. Quando chegaram no clube não se adaptaram, logo no primeiro treino.  
Posteriormente acabaram indo para o Nacional Futebol Clube em 1996 por intermédio de João Enrique, dois anos mais tarde de atuar no clube com mesmo nome em Parintins. “Fomos fazer o primeiro treino com bola. O treinador não gostou de mim e nem do Tubarão”. Ao acabar o coletivo, Delmo chama o treinador e justifica:

- Professor o senhor me colocou no meio de garotos para jogar com o time profissional. Isso não tem cabimento. O senhor quer realmente fazer um teste comigo? Me dê mais uma chance me colocando no time principal.

- Amanhã é sua última oportunidade. É um jogo treino com um time de fora e vou lhe colocar – falou o técnico.

No jogo, dentro da Base Aérea de Manaus, estava toda à diretoria e cúpula do Nacional. O campo era um tapete. Quando viu aquilo, Delmo desabafou em seus pensamentos: “Ou é hoje ou nunca”.
Durante o jogo, já no final do segundo tempo com o Nacional empatando em 1 a 1, o atacante entra para começar a escrever sua história no futebol amazonense e brasileiro. Quando pisou no gramado, em menos de 30 minutos, sua estrela brilha, faz três gols, garantindo à vitória por 5 a 1.
Há noite no mesmo dia, já estava assinando o contrato com o Nacional. Mas nada ainda estava certo. O já quase contratado impôs uma condição: só firmaria com o clube se o amigo Tubarão também assinasse contrato, ganhando o mesmo valor. “O Luiz Carlos Tubarão me defendia com unhas e dentes, um amigo leal, quando queriam rebaixar a gente por nossas origens” desabafa o atacante artilheiro.
Mas, uma situação o entristeceu no ano seguinte: a não renovação do contrato de seu amigo. 

COPA DO BRASIL 1997 (NACIONAL X FLAMENGO DO RIO DE JANEIRO)

Logo no primeiro jogo enfrentou o Flamengo do Rio de Janeiro, com Romário e companhia limitada.
Durante toda a preparação, Delmo vinha sendo titular, mas no dia da partida, na preleção, ficou no banco. Assistindo de “camarote”, foi testemunha de uma goleada do Flamengo sobre seu time.
Já com o placar em 6 a 1 para o Rubro-Negro, e faltando uns 10 minutos para terminar, Delmo começa a falar no banco de reservas para todos ouvirem: “Se eu entrar vou fazer um gol”. Nunca agia dessa forma, sempre foi cauteloso em suas promessas. Mas, àquela oportunidade de jogar não poderia passar.
Em meio a protestos entrou na partida. Foi correria e muita vontade, porque tinha que cumprir o prometido. Em uma disputa de bola com Júnior Baiano, jogador do Flamengo, o atacante nacionalino aplica um drible de corpo no defensor carioca, e a bola sobra, fazendo o gol. 
Assim, um Parintinense corria desesperado de felicidade para seus companheiros comemorando o seu primeiro gol contra um time grande, mesmo com a derrota por 6 a 2. 

RIO NEGRO 1998
Seu passe era livre e acabou indo para Rio Negro. Chegou no clube ganhando luvas (bicho) e com a fartura de gols lá em cima, totalizando mais de 16 na temporada. Nesse ano, jogando pelo Rio Negro, Delmo chegou à decisão do estadual contra o São Raimundo, onde foi decidido no tapetão por causa de uma polêmica. Bugrão, para o Tufão da Colina, marca um gol de mão, deixando o placar em 2 a 1. Porém tudo foi decidido no STJD, no outro dia, com o São Raimundo ficando com o título.

SÃO RAIMUNDO (TUFÃO DA COLINA) 1998

No mesmo ano, após o fim do Barezão, se transferiu para o São Raimundo. Chegou e não podia jogar a próxima competição, Copa Norte, porque já tinha atuado pelo Rio Negro. A rotina era somente treinamento em preparação para série C do Campeonato Brasileiro. Dentre todas as dificuldades, acabou virando umas das estrelas do técnico Aderbal Lana.Todos seus títulos relevantes no profissional foram conquistados jogando pelo Tufão da Colina. Ganhou três vezes o estadual amazonense chamado Barezão (1999, 2004 e 2006), foi tricampeão da Copa Norte (1999, 2000 e 2001) e em mil novecentos e noventa e nove conseguiu o acesso à série B do Campeonato Brasileiro de 2000, onde jogou por 7 temporadas. 


Foto: Arquivo pessoal de Delmo

No clube, o gol mais importante da sua vida foi um de pênalti contra o Vila Nova no estádio da Colina, em 2006, quando perdiam por 3 a 2 e estavam caindo para série C do Campeonato Brasileiro. Já tinha feito um no jogo, mas, evitou a queda do Tufão da Colina, quando Aderbal Lana, técnico da época, pediu para que ele fosse cobrar o pênalti que empataria o jogo e daria esperança para seu clube. No fim, Alberto, companheiro de time amplia o placar e o jogo encerra em 4 a 3, com o São Raimundo vencendo e adiando sua queda.

SÃO PAULO X SÃO RAIMUNDO (COPA DO BRASIL - 2003)
Me lembro que nossa concentração foi em hotel no Distrito Industrial. O São Paulo trouxe Luiz Fabiano, Kaka, Ricardinho, Rogério Ceni, Miranda e outros. Somente craques. Saímos do hotel com os torcedores soltando fogos e festejando muito. Foi um jogo sensacional. Colocamos o São Paulo praticamente uns 15 minutos na roda, com a torcida gritando olé” contou Delmo nostálgico.
Ganharam por 2 a 0, com um dos gols do goleador parintinense no segundo tempo, em um escanteio, subindo na frente de Miranda e fechando fatura para o São Raimundo.

QUEBRA DE RECORDE
Em 2004, Delmo quebra o recorde de gols marcados em uma só edição do estadual, jogando pelo São Raimundo. O antecessor Lívio, atacante do Rio Negro, com 22 gols, perdurava com esse feito há mais de 30 anos. Só que em dois mil e quatro, o atacante artilheiro estava iluminado e supera essa façanha com 24 gols, mesmo ficando de fora por lesão, nos dois últimos jogos do campeonato.
Seis anos mais tarde, em 2010, se aposenta e pendura as chuteiras, para tristeza dos torcedores amazonenses.



  

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Universitárias organizam roda de conversa sobre comunicação feminista


A reunião intitulada café e conversa com mulher, falará de como o feminismo é divulgado pra o público através das mídias sociais e televisivas. Também discutirá como o movimento ideológico é repassado hoje, pelos que acabam distorcendo os propósitos do movimento. 


                     Por: José Brilhante                                                   
Organizadoras da roda de conversa: Kayth Kariny e Leane Oliveira


A roda de conversa iniciará no dia 8 de outubro no auditório da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Parintins, às 19h. Tem o principal intuito de trazer a voz feminina para seus direitos à conquistar e discutir os já conquistados. Também vem trazer a discussão de como o movimento é disseminado, tanto por quem participa quando pelos leigos.
O objetivo de ser uma roda, é porque irá proporcionar a todos a oportunidade de se expressarem, inclusive para as mulheres que vivem e praticam o feminismo.
A organização está na responsabilidade de Leane Oliveira (26) e Kayth Kariny (22), acadêmicas de Jornalismo da Ufam Parintins. A iniciativa surgiu por meio da elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que aborda justamente o assunto.   
Segundo Kayth Kariny, a importância de tentar fazer entender o feminismo no município é essencial: “Espero que a roda de conversa, possa instigar o começo de uma mudança perante o público, pelo menos aqui em Parintins, porque esse preconceito existe. O feminismo não é aquilo que alguns ‘desenham’. Não é aquela mulher que odeia os homens, não se depila ou não quer ter filho. A ideologia defende a equidade e não igualdade perante os homens”.
Já Leane Oliveira fala de tentar tirar o estereótipo negativo construído em cima do feminismo, até vindo de mulheres: “Sei que é um trabalho de ‘formiguinha’, mas quando nos envolvemos e descobrimos que há algo maior e, que existe muitos grupos que realmente ajudam, principalmente na igualdade de direitos, tivemos a ideia de mostrar a realidade do feminismo”.
No evento haverá palestrantes que há anos vem militando em prol a causa. Dentre as convidas estão Luana Pantoja Medeiros (ativista social, feminista militante, pesquisadora na área de linguagens, gêneros, poesias e poéticas feminista),  Arineide dos Santos Tavares (presidente da associação  de mulheres Vitória-Régia de Parintins e presidente do sindicato do Trabalhador de Parintins em educação municipal) e Maria de Fátima Guedes de Araújo (educadora popular, militante feminista, pesquisadora de conhecimentos tradicionais da Amazônia e autora de obras literárias chamadas de Ensaio e rebeldia e Algemas silenciadas). 
Toda comunidade parintinense, acadêmicos, docentes de todas as universidades e escolas, estão convidados para essa conversa, que é de extrema importância para entender uma parcela do movimento. E para fechar a noite às 21h, final do evento, terá um lanche para os participantes. Inclusive para os acadêmicos terá certificação de 2h. 



sábado, 21 de setembro de 2019

Madrugão Lanche: trilhando um caminho para o sucesso


O estabelecimento alimentício já completou um ano de atendimento ao público e a receita para essa durabilidade é o atendimento diferencial, o produto de qualidade e a equipe qualificada. Sem contar que é um ambiente tranquilo e seguro, ao lado de um dos maiores cartões-postais de Parintins, à Praça do Cristo. 

POR: JOSÉ BRILHANTE
Equipe Madrugão: Felipe, Moisés, Lilian, Ivete e João 
 
Era apenas um desejo de Moisés Valente, 27, ser proprietário de uma lanchonete. Para que isso se tornasse real, ainda jovem aos 18 anos, recém-formado do Ensino Médio na Escola Estadual Irmã Sá, viaja para Manaus em busca de trabalho, sempre com o pensamento de retornar à Parintins, em condições melhores para montar o empreendimento. 
Já morando em Manaus, durante quatro anos, e pensando em sair da empresa Moto Honda, o ainda futuro empresário, em uma noite de sono, acabou idealizando a futura empresa, Madrugão Lanche.
Em profundo sono, um funcionário da montadora de motos, lhe fez uma exigência para pagar a indenização de despensa de trabalho: “Eu não vou te pagar, porque você vai gastar esse dinheiro com besteira. A única forma de lhe entregar o pagamento, é se tu abrir uma lanchonete em Parintins”.
Na realidade e bem acordado, pede demissão da Honda e retorna em 2014 para a ilha. O foco era todo para fazer aquele sonho se tornar real, mas quando chegou, outras coisas aconteceram e esperou até o começo desse ano para concretizar o Madrugão Lanche.
O promissor empresário Moisés Valente, sempre quis ser empreendedor. Desde do tempo da pequena mercearia de seus pais, onde aguçou mais ainda o espírito de comerciante, quando ainda no colégio pensou em tornar aquele pequeno negócio, em grande. Mas, foi para o ramo dos alimentos.

PRIMEIRAS DIFICULDADES
Algumas tentativas de inauguração aconteceram, mas pessoas mal intencionadas, antes mesmo do funcionamento impediram. Tudo estava preparado para ser um Food truck (carro de comida) na Praça da Liberdade. Mas, após uma divulgação nas redes sociais, muitas invencionices foram criadas para as autoridades embargarem algo que nem tinha inaugurado.
Após isso, o Madrugão Lanche foi concretizado na praça de alimentação próximo ao Bumbódromo, e depois foi se estabelecer ao lado de um dos maiores cartões-postais de Parintins, à Praça do Cristo, onde se fixou e está funcionando durante 1 ano.
Eu não sabia como ia ser. O ponto era ‘morto’, e me preocupei com os três funcionários e suas famílias que iam depender do sucesso do meu projeto. O meu foco não é somente o lucro. Três famílias depenem de mim e da minha esposa que é proprietária também. Minha preocupação é pagá-los” relata o jovem empresário. 

O BRAÇO DIREITO”
A união já perpassa os cinco anos, com o idealizador do lanche Madrugão. Lilian Patrícia sempre esteve ao lado do marido, tanto na vida quanto nas idealizações de empreendimentos. Fruto desses anos de companheirismo, nasceu o filho do casal, chamado Matheus.

No dia a dia da labuta, realiza todo o tipo de trabalho na empresa, mesmo, também sendo proprietária. Ela é o braço direito, o esquerdo e tudo que imaginar. Assim, parafraseando o cônjuge de Lilian que a elogia e fala que tudo que conquistou tem o apoio dela. “Não tem medo de trabalho. É uma mulher trabalhadora, que está ao lado pro que der e vier. Ela foi o elo principal de tudo, nesse negócio”. 
  
ESPECIALIDADES, AMBIENTE É SERVIÇOS 
O lanche vem surpreendendo os parintinenses de uma forma positiva, produzindo seus alimentos com os melhores ingredientes e, atendendo os seus clientes da melhor forma possível.
Além de oferecer os tradicionais sanduíches, hambúrgueres, Hot Dogs, batatas fritas, possuem também especialidades como à Barca da Felicidade, Combo Família, Barquinha de petiscos, sucos, refrigerantes em variedades e adaptações nos combos, ao gosto dos fregueses. Inclusive uma novidade alimentícia foi criado no estabelecimento, o Big Madrugão, um sanduíche tamanho família, que serve de quatro a seis pessoas. E para o melhor conforto, ainda possuem o serviço de entrega em domicílio: (92) 995340299.



O ambiente é bastante tranquilo, ideal para todo o tipo de público. Desde do pai e mãe de família até ao casal de namorados. Sem contar que após o lanche, a uma vista panorâmica para o rio Amazonas e suas embarcações navegando.
O HORÁRIO DE ATENDIMENTO AOS CLIENTES COMEÇA AS 18HS INDO ATÉ UMA DA MANHÃ NAS TERÇAS-FEIRAS, QUARTAS, QUINTAS E DOMINGOS. NAS SEXTAS E SÁBADOS, HÁ UM HORÁRIO DIFERENCIADO, ABRINDO NO MESMO HORÁRIO DA SEMANA, MAS FECHANDO ÁS 3H DA MANHÃ. 
  
CLIENTES ILUSTRES QUE JÁ VISITARAM O MADRUGÃO
Muito por ser um ambiente calmo, as celebridades regionais e nacionais quando vem à Parintins para o Festival Folclórico, apresentações profissionais ou apenas por lazer, acabam visitando o Madrugão. Eis os que já lancharam no estabelecimento: 


FUTURO
É um sonho que eu tenho, de abrir várias franquias do Madrugão pela cidade de Parintins. Após isso expandir para as cidades circunvizinhas” fala Moisés Valente, ao final.
 

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Ensaio Fotográfico: as entranhas do jornalismo retrô

Texto e imagens: José Brilhante

Era 1960, naquela pequena sala, onde o lúgubre e o crepúsculo prevalecia. Os dedos deslizavam na folha branca, como uma pintura em pincel que dedica tempo e talento. Perto está o gravador Philips, sempre gigante, onde declarações, até de amores perdidos e os que se foram, são guardados! 




O tilintar da máquina de escrever Smith Corona, eram os  sons dos fatos sendo materializados. Era uma alquimia das letras, transformando-se em arte, sendo sempre mágica. 




Para quem estava no comando, beirava a um Sherlock Holmes, derrubando presidentes, mostrando guerras e denunciando os maus feitores. 




A solidão e silêncio ainda são os principais companheiros. O cigarro e aquela dose de uísque eram apenas o combustível para as grandes jornadas intermináveis. 





É tudo culpa da notícia que não cansa, com suas aparições vorazes, que mesmo “casando-as” elas escapam pelas mãos. 




Em momentos periodista, outros, andarilho, com seu suspensório e chapéu Panamá. Aquela característica que ao longe se avista, que é quem está em busca da informação.




A caminhada é sempre infinita. Os rumores, estão sempre à espreita, ansiosos por serem investigados. Hoje eles aparecem aos montes, como o anúncio do novo filme no Cine na cidade. Amanhã são escassos, retrocedendo ao tempo da pacata Parintins, onde as luzes se apagavam as nove horas da noite. Oriental, ou a chegada da primeira televisão.




O mercado municipal sempre foi a grande atração, onde as filas de outrora, as cinco da manhã, ultrapassando a antiga “pernambucana”, encontravam-se cheias de secretarias do lar em busca dos alimentos. Uma utopia, visto de perto, aquela pequena cidade funcionando dia a dia.



Nas casas dos “barões”, as silhuetas ainda surgem, ao final da tarde nas janelas, enamorando-se, lendo folhetins ou avistando os parintinenses de chapéus de palha e bicicleta Caloi nas dantes desérticas ruas. É uma volta ao tempo que perpassa aos olhos de quem somente passa!










 
 

sábado, 7 de setembro de 2019

Seleção Parintinense máster na segunda fase da Copa dos Rios 2019


A equipe que representa Parintins na categoria há partir dos 40 anos, passou pela seleção de Urucurituba é já está disputando a segunda fase da competição em um quadrangular contra Boa Vista do Ramos. Tendo em vista que perderam os dois primeiros jogos e precisam correr, literalmente, atrás do prejuízo em casa.

POR: JOSÉ BRILHANTE
Foto: arquivo pessoal de Marinho
Jogadores da Seleção Parintinense

A Copa dos Rios é uma competição estadual que abrange todos os municípios do alto e baixo Amazonas, organizada pela Federação Amazonense de Futebol (FAF). Possui as categorias sub-19, Principal e o Máster, onde Parintins está em busca do título 2019. 
Os dois primeiros jogos da segunda fase para Parintins, dos quatro previstos com o mesmo adversário, foram disputados contra a seleção de Boa Vista, que montou sua equipe com vários jogadores de outros municípios, para enfrentar de igual para igual a Seleção Parintinense, que também possui jogadores que fizeram sucesso no futebol local e também regional.
Os embates iniciais foram na casa do adversário dos tupinambaranas, no Estádio Municipal. E as vitórias ficaram com a seleção adversária. No primeiro confronto, no fim do mês passado, o selecionado de Boa Vista ganhou por 1 a 0. Já no segundo, ampliaram a vantagem e converteram o placar em três gols, contra somente um dos Parintinenses.
Foto: arquivo pessoal de Cleandro Fontenelle

“Os dois jogos foram bons. A seleção jogou bem, porém tivemos falta de atenção e perdemos muitos gols.  É aquele velho ditado do futebol: ‘Quem não faz leva’. Mas, temos chance e vamos pra cima deles nesses 190 minutos restantes” relata Marinho, coordenador técnico da Seleção Parintinense.  
A vantagem de três gols sobre Parintins (no agregado 4 a 1) é bastante significativa, porém, os tupinambaranas possuem uma chance real de reverter o placar nos dois jogos que faltam, em casa, no estádio Tupy Cantanhede, na sexta-feira (13) e no sábado (14), as 18h.  
Com a necessidade de fazer quatro gols, fugir dos pênaltis e ir direto para a semifinal em Manaus, o lateral direito da Seleção Parintinense, Brasília, fala que é possível reverter a vantagem do adversário: “É possível sim, reverter esse placar aqui no Tupy, nesses dois jogos. Se não sofrermos nenhum gol, a torcida e o gramado vão nos ajudar a classificar”. “Jogamos por dois resultados iguais, mas se vier mais gols será melhor” diz, Marinho.  
Se no caso os parintinenses superarem o saldo de gols do rival, irão para Manaus fazendo parte das quatro melhores seleções do estado que irão disputar as semifinais no estádio da Colina, assim galgando a grande final, que acontecerá na Arena da Amazônia, estádio de Copa do Mundo.
Mas antes de sonhar com a final, a seleção está organizando uma rifa, para que se cubra os gastos dos jogos, alojamento e alimentação da equipe adversária que virá para ilha enfrentar os másters Parintintins. E ainda há o patrocínio da prefeitura, que vem ajudando a equipe local com combustível, material esportivo e campo de treino.   


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Sede da OAB Parintins será inaugurada nesta quarta-feira


O presidente da instituição local, Juscelino Melo Manso, contará com a presença da autoridade política, deputado Serafim Corrêa. O presidente Regional da OAB do Amazonas, Marco Aurélio Choy junto com a vice-presidente Grace Benayon, também comparecerão na cerimônia.


POR: JOSÉ BRILHANTE 


Foto: José Brilhante


No interior do Amazonas somente Tefé e agora Parintins terá uma subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). É uma instituição muito respeitada no país, com alcance federal, e que luta pelos direitos tanto dos advogados quanto da população.
A instalação da sede, Dr. Edson de Oliveira, nome dado em homenagem ao único parintinense que foi presidente da instituição regional do estado do Amazonas, representará uma ação mais enérgica em relação a fiscalização desses atos que podem prejudicar o povo, ou seja será mais presente.
O trabalho da OAB é ser vigilante na execução das leis e tomar as iniciativas quando os direitos são transgredidos. E ainda realiza o exame nacional que qualifica os profissionais advogados que exercem a profissão no país.
A inauguração da OAB Parintins, ocorrerá nesta quarta-feira, (04), as 16h, na Avenida Amazonas, centro, 2750. A solenidade, contará com várias autoridades, tanto políticas quanto jurídicas. A imprensa também comparecerá pra registrar esse momento histórico do poder judiciário parintinense. 
Segundo o presidente da instituição local, Juscelino Melo Manso, a importância da instalação da sede da OAB é primordial: “A OAB é um órgão fiscalizador, vem para fazer parceria com as entidades de classe, quando seus direitos forem  negados ou negligenciados, inibindo abusos em todas as esferas do judiciário, executivo e legislativo. E ainda irá gerar benefícios e muita segurança para todos os advogados dessa região”.
Sala de reuniões da OAB Parintins

Devido Parintins ser uma cidade polo, a sede irá atender os municípios de Nhamundá, Maués, Barreirinha, Boa Vista do Ramos e entre outros municípios vizinhos.
Além de exercer sua função universal, a Ordem dos Advogados do Brasil em Parintins, terá cursos de capacitação: Pós-graduação, Escola Superior de Advocacia e cursos profissionalizante EAD.
A programação começará com a composição da mesa, pronunciamento de cada convidado, cerimônia que revela a placa contendo todo o corpo administrativo e o tradicional corte da fita simbolizando a inauguração. E por fim, será servido um coquetel para os presentes. 


“Tia” Nery: uma luta dedicada a transformar vidas por meio do futebol


Ela usa a modalidade, com o apoio de muitos colaboradores, como ferramenta principal para tirar os jovens da periferia parintinense do caminho errado e transformá-los em cidadãos que irão contribuir para sociedade


POR: JOSÉ BRILHANTE
   Tia Nery e seus alunos do projeto Liberdade 
Foto: José Brilhante 


O amor fez o encontro entre Tia Nery e Parintins. No ano de 1989, no auge da juventude, com 24 nos, conheceu um rapaz descendente de japoneses, se casou com ele e veio para ilha. Mas, acabou se divorciando e se instalou na cidade. Em nenhum momento pensou em voltar para sua terra natal, Santarém.
Quando veio do Pará, não tinha em mente trabalhar em prol as pessoas necessitadas por meio do futebol.  Veio movida pela paixão, aquele casamento que não deu certo, porém deixou a maior herança, seus três filhos, que são seus “braços”, “pernas” e o sustentáculo do projeto Liberdade.
Chegou na cidade como Nery Pantoja Yoshii, mas, logo que começou a filantropia, ganhou o codinome carinhoso de “Tia” Nery, um agrado que é repetido por todos.  


PROJETO LIBERDADE 


Tia Nery, distribuindo alimentação para quem precisa no projeto Liberdade
O Liberdade nasceu há 15 anos atrás, pela necessidade de manter os jovens ocupados, que chegavam do interior de Parintins para a ainda ocupação Itaúna ll. Essas crianças ficavam sem alternativa de recreação e, por consequência ficavam a mercê da criminalidade.
O estalido para iniciar o projeto que ocupa a mente dos jovens com o futebol, e ainda doa alimentação para os participantes, partiu da percepção de “Tia” Nery, que via os jovens sentados nas calçadas sendo aliciados para o mal.
Primeiro começaram onde hoje é localizado o campo do Gordo, mas, foram forçados a sair daquele espaço devido o julgamento de pessoas que taxavam seus meninos de Galerosos (delinguentes).
Nesse tempo existia as tais galeras que se confrontavam. Porém, eles a respeitavam muito. Devido a isso pensou: “Vamos unificar tudo isso, fazer um grande movimento para desviar o foco desses garotos”.
Esse pensamento de bondade foi crescendo dentro da incentivadora social, para que o projeto se realizasse de vez. Pouco tempo depois, inauguraram a delegacia, no bairro do Itaúna ll. “Ai fui com o delegado e falei pra ele, sobre minhas necessidades do projeto. Ele me falou assim, ‘tia a senhora faz o seguinte, procura fazer cursos que lhe deem autonomia para trabalhar com as crianças, que lhe cedo o espaço para realizar seu trabalho’”.
Ao todo possui oito cursos direcionados as crianças e, até hoje tem o espaço ao lado da delegacia para ainda salvar vidas que podem ir para o lado errado.
Havia uma ideia torta por parte dos garotos para com a polícia, um dos órgãos que ajudaram a “Tia”, inclusive com o espaço onde acontece o projeto Liberdade. 
Campo, onde o projeto é realizado 
Imagem: Paulino Produções  


Os jovens começaram a achar que a lei era a parte opressora e, quando viam, saiam correndo, mesmo não cometendo delito algum. Esse pensamento foi mudado ao longo do tempo, com a disciplina, ordem e respeito que a precursora do projeto de futebol implantou.
Atualmente são 126 meninos pertencentes ao projeto social, filhos dos filhos, sobrinhos e até primos dos que já participaram do projeto. Durante toda a jornada de 15 anos, já passaram milhares de jovens.


“A cobrança da sociedade é toda perante os jovens em situação de dificuldades. Mas, eu te pergunto! Quem está fazendo alguma coisa para que essa situação mude? Por causa disso, nasceu o Projeto Liberdade.” Nery Pantoja 

 
O COMBATE PARA O FIM DAS GALERAS  


As galeras eram união de jovens que não tinham medo, e seguiam um líder e uma hierarquia para praticarem crimes. Dona Nery percebendo isso, passou a ideia de que aquilo não levava a nada, somente a prisão homicídio e roubo, e que o esporte poderia acabar com essas turmas fora da lei.
Se “injetasse” a ideia que essas ações não era necessário, o esporte poderia salvar muitas vidas. Aí surgiu a ideia de uni-los para outro propósito, estudar e mudar o futuro deles. “Se eu fizesse uma atividade que todos gostassem, como o futebol, poderiam mudar seus objetivos.  E voltar a estudar para sair da marginalidade era a alternativa. O analfabetismo era gritante entre os jovens da época, no bairro” relata Nery.
Com o empenho perante o projeto e a luta para conseguir estudo para as pessoas, a mentalidade dos jovens envolvidos em galeras foram mudando. O tratamento era diferente, nada de expulsar os participantes que reincidia no crime, e sim promovia a conscientização.
Dessa forma, o único grupo unido, era para praticar esporte. A Porcada, X9 e a 14, já se reuniam somente para jogar futebol.
 


“Quando você tirar seu tempo em prol de algo que pulsa, que tem vida, aí estará feliz. E dentro de cada ser humano, existe o bem e o mal. Só vai roubar, matar e se envolver em problemas, quando descobrir que não tem forças e nem achar coisa melhor que aquilo.” Nery Pantoja 
 
                                

OS NÃOS EM PROL DO LIBERDADE

Foram dores, sofrimento e sacrifícios. Se colecionasse pedidos que deram em grandes nãos, já tinha uma vasta coleção. Sempre recebeu resposta que não tinham tempo e não podiam ajudar. A resposta por parte de dona Nery sempre foi cordial: “Sim senhor, muito obrigado e que Deus lhe abençoe”.

As vezes faziam que ela esperasse por horas a fio, cansando-a ao extremo, até fazer com que ela desistisse. Ficava com o sentimento de magoa, mas, todo aquele sentimento de raiva e vontade de dizer o que pensava, ficava guardado para não prejudicar seu projeto.

Todas as vezes que chegava em casa, após essas recusas, não ajoelhava, caía ao chão chorando, e com todas as suas forças pedia a Deus em oração: “Senhor até quando vou aguentar, por que as pessoas não abrem as portas e dizem, ‘vou ajudar as crianças’. Será que tem tão pouco que não podem doar um refrigerante, uma bola ou um pão? Quanta coisa jogam fora? Ninguém é tão miserável que não possa doar nada”.  Desse jeito, os anos passaram e ao contrário do que se pensava, acabou conseguindo colaboradores que ajudam. Ainda precisa de muito, mas existem “anjos” que se solidarizam. 



A LUTA PELA VIDA E A CURA DE UM AVC

Em 2016, contraiu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no meio do ano. Passou 19 dias em coma. Quando trouxeram-na para casa, alguns movimentos do corpo não funcionavam mais. Perdeu as forças e quase toda a memória. As lembranças se apagaram, como se estivesse apertado a tecla delete.
Lembrou somente do projeto, de suas crianças que poderiam não receber mais a ajuda de “Tia” Nery, por causa de suas limitações físicas. Segundo o médico, só tinha 25% de chance de voltar ao que era antes.
O que a salvou foram as crianças. Elas lhe visitavam todos os dias, para que lembrasse dos rostos familiares. As lembranças foram voltando e juntando como um quebra cabeça. Cada menino que entrava para visita-la, fazia a singela pergunta: “Quando a senhora vai voltar?”. Ela respondia: “Amanhã”. Sempre teve um AMANHÃ para Nery.
Logo que sentiu melhoras, em três meses, a colocaram em uma “carrocinha” de moto, para acompanhar os treinos no Liberdade, sentada em um banco, próximo ao campo para se sentir melhor e se curar. “Ai veio o amanhã, os dias foram passando. Comecei a tomar banho sozinha, até ficar totalmente independente de novo” relata Nery muito emocionada.
Por causa da doença parou de estudar. Porém ao se recuperar, recomeçou, se formou no ensino médio, e agora está cursando Letras em uma instituição de ensino superior.   



Nery recebendo uma homenagem honrosa da câmara municipal que a homenageou pelos seus serviços à comunidade.




 


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