segunda-feira, 21 de maio de 2018

ENSAIO FOTOGRÁFICO: AMIGOS DE QUATRO PATAS

    As suas vidas são curtas, mas vivem na tranquilidade e furor sem meio termo


Muitas das vezes sempre estão no ápice, deve ser a ingenuidade animal, ainda pensando que está na vida selvagem, onde não sabem se vão sobreviver amanhã ou depois

São amigos para o que der e viver. A necessidade de qualquer coisas não importa. Aquele alimento diário ou a falta de moradia, são meros supérfluos quando se tem o dono para lhe dar carrinho

Seu único trabalho é fazer feliz os que estão ao redor, e o pagamento que exige por direito é a retribuição de pelo menos 1% do carinho que doa todos os dias


Na época da reprodução, o amor aflora ao máximo. Os cachorros ficam dias fora de casa, voltam com os corpos cheios de marcas das batalhas que travam com seus rivais. Chega a ser interessante, são como Galerosos (malfeitores na gíria parintinense), um não pode ultrapassar o território do outro. A recepção mais amigável de uma visita é uma saraivada de mordidas ou uma escolta com os pelos do dorso eriçados até onde o rival não possa mais incomodar


E alguns “seres humanos” ainda tem coragem de abandonar a própria sorte esses parceiros tão leais e fieis, depois de sugar todas as alegrias e juventude desses companheiros.


Os Gatos são os almofadinhas e a elegância dos pets, sempre limpo e esnobando os outros


Fingem que não estão nem aí para ninguém, mas possuem sua forma de demostrar carinho, mesmo com seu feitio peculiar                                                                          


Mas, são escandalosos, fazem uma festa de miados, misturando agudos e graves na hora do amor. Toma banho sozinho, enterra as necessidades e está sempre desconfiado com seus parceiros


Uma encarada torna é um motivo para os velozes Jhebs direito e esquerdo entrarem em ação. Assim a vida continua, sempre “morcegando”, passeando a noite toda e dormindo durante dia. 





















Créditos de texto e fotos: José Brilhante

sexta-feira, 18 de maio de 2018

ONILDO FILHO: uma história, um legado

Por: José Brilhante 
Foto: Arquivo pessoal de jornal desconhecido


ALÉM DE CICLISTA E CORREDOR, FICOU CONHECIDO COMO “HOMEM PEIXE”, DEVIDO SER NADADOR DE GRANDES DISTÂNCIAS

Tudo começou em corridas pedestres quando pediu um tênis ao pai. Em vez de atender os desejos do filho, trouxe uma bota Sete Léguas. Onildo Filho (ainda não conhecido como ‘Homem Peixe’), e com apenas 10 anos de idade, acabou questionando o presente. Após ouvir as lamúrias, o pai o aconselhou dizendo que com uma bota pesada iria aprimorar sua força e resistência nas corridas. E não deu outra, em 1972, o professor de Educação Física, Aderaldo Qualhada, o descobriu como atleta. Com onze anos de idade, Qualhada o levou para os jogos estudantis de Manacapuru. No decorrer da competição ganhou quase todas as corridas na faixa de 18 anos, sendo que tinha somente 12. Nascia ali, na pacata cidade do interior do Amazonas, o multiatleta que viria ser conhecido nacionalmente e regionalmente pelas suas façanhas esportivas.  
No ciclismo, o segundo esporte que o revelou para o mundo, foi um destaque. Atuou em muitas corridas em Parintins, Santarém e Manaus, sendo campeão do Amazonas com apenas 15 anos. Na capital é tricampeão da corrida Henrique Archer Pinto. Em desabafo contou que parou de correr de bicicleta pela falta de incentivo ao esporte que diminuiu ao longo do tempo. De 10 corridas por ano passou a ter uma ou duas no máximo. Para uma pessoa acostumada a competir, isso foi um desestimulo.

DEVOÇÃO E MILAGRE
Adoeceu em 1982, devido a uma pneumonia grave que acabou destruindo seus pulmões.  Estava no auge da carreira como ciclista e já tinha ganhado muitas corridas fora do Estado.
A notícia veio como um grande peso que estava pondo fim ao seu modo de vida. Ficou muito triste quando foi proibido de praticar qualquer esporte que exigia esforço físico. Na ocasião de exames, o médico especialista em pulmões e formado nos Estados Unidos, perguntou o que Onildo (o Homem Peixe) fazia da vida.
-Sou atleta - respondeu
- Então a partir de hoje, você pode procurar fazer outra coisa da sua vida, porque qualquer esforço físico poderá lhe fazer mal, você é uma pessoa descartável para o esporte – assim exclamou o especialista em pulmões.
Naquele momento, o Homem Peixe, foi para casa e se trancou no quarto em pensamentos, indagou como iria parar no auge da carreira. Aí falou para si mesmo, “esse médico é muito bom, mas vou provar que existe Deus e vou dar a volta por cima”.
Passou-se 14 anos desde que o médico o atendeu. Já tratado, segundo Onildo pelas suas santas Teresinha e Nossa Senhora do Carmo, foi correr em Barreirinha. E a pessoa que veio entregar o prêmio era o doutor, aquele que o desenganou-o para o esporte. Quando pegou na mão do detentor do prêmio, a vontade de se identificar era grande, de dizer que era o cara morto para o esporte que tinha ganhado aquela fatídica corrida, mas não falou, se conteve por causa das autoridades que estavam presentes no momento. Porém, a TV Acrítica veio entrevista-lo e não aguentou, acabou contando toda a história. No dia seguinte o veículo de comunicação estampou o acontecido nos jornais.
Ao saber, o especialista em pulmões chamou-o para outra bateria de exames, e nos resultados, a conclusão foi que a única explicação seria um milagre. 
Como forma de agradecimento, prometeu as suas santas protetoras que iria praticar esporte até quando fosse possível, sem temores ou qualquer outra coisa que viria a lhe desafiar no esporte.

UM SONHO PARA SE TORNAR O “HOMEM PEIXE”
A natação surgiu em 1996, literalmente no sono profundo, em uma madrugada tranquila. Em relação a esse episódio Onildo Filho relata: “eu estava na escada da igreja do São Benedito, aquela que desce para o rio. Para mim tudo era real, e quando eu observei, vi sete nadadores descendo a braçadas, vencendo as águas barrentas. Fiquei olhando aquilo, e quando eles passaram, desci junto e os acompanhei. Aí me acordei daquele sonho, com a ideia fixa de que eu poderia repetir aquilo, e por causa disso tive a ideia de nadar”.
Começou a treinar, sempre com duas ou três voltas, nadando no conhecido local chamado Cabo Rúbio. O tempo de treinamento ia passando e as voltas aumentando. Quando percebeu seu talento para resistir a tantos esforços físicos, resolveu unir as modalidades que praticou durante a vida (corrida pedestre, ciclismo e o novo esporte natação).
 
TRAVESSIAS
Antes de cada travessia, elaborava um projeto que incluía o percurso com as distâncias, datas e horários de saída e chegada. Todos eram intitulados com o nível da façanha a ser conquistada. A primeira, foi da comunidade do Boto para Parintins, com 53 Km de percurso, totalizado com natação, corrida pedestre e ciclismo. Nessa primeira empreitada, obteve somente ajude de amigos, porque os pretensos patrocinadores não concordaram, devido os perigos de uma jornada tão ameaçadora.
A segunda foi do Caburi, sempre aumentando a distância. Como já obtinha experiência, enfrentou o rio mais uma vez. Completou o circuito com uma distância absurda para os “mortais”. Onildo Filho (o Homem Peixe) nadou, pedalou e correu 126Km, ultrapassando seu recorde pessoal até então.
Após desafios e mais desafios, o Homem Peixe, não parou mais de testar seus limites.  A terceira jornada foi do Zé Açu, agora com um circuito menor, mas indo contra a correnteza.
Como já tinha realizado tudo na cidade, contornou Parintins duas vezes, só para testar seus limites, conseguindo bater o próprio tempo em duas horas em relação ao primeiro contorno que completou em 12h.
O tempo passou e Onildo não parou mais, se tornou um multiatleta, sempre querendo ultrapassar seus limites. No ano de 2000 fez a prova de Barreirinha para Parintins, nos moldes do triátlon. Também completou o trajeto de Itacoatiara para Parintins, com um tempo de 36h. Suas façanhas sempre despertaram o interesse da mídia. Ficou conhecido e fez matérias e reportagens para vários meios de comunicação locais e nacionais ao longo de sua carreira.   


Foto; Folha do Povo, 2009



ABANDONADO EM 1998
O multiatleta era movido por desafios, e quando surgia uma aposta para qualquer façanha o mesmo topava.  Na ocasião a proeza era atravessar o Rio Negro em Manaus, indo e voltando.  A equipe de apoio se prontificou a acompanha-lo para qualquer emergência. Porém na troca dos profissionais que deveriam escolta-lo, já na volta, foi obrigado a atravessar sozinho, sem apoio algum, porque já era noite e o rio estava muito forte.
No meio do rio, a única direção era os estouros e clarões dos raios que indicavam a direção. Quando olhou para o lado, um cardume de Botos estavam boiando bem perto de seu corpo. O medo quis tomar conta, escondia o temor bloqueando-o da mente. Em uma fração de segundos não percebeu o animal muito próximo e acabou se chocando, com Onildo Filho (o Homem Peixe) levando a pior. O Boto lhe acertou com a barbatana nas costelas, e para piorar começou cair um temporal, só enxergava o outro lado quando os raios trovejavam para indicar a direção. Nesse momento, vinha uma balsa, e um tripulante acabou visualizando o Homem Peixe e jogou um salva vidas.
-Bora rapaz, você se alagou? – falou o tripulante
-Não, estou em uma competição- respondeu Onildo Filho
- Competição? Cadê o resto dos nadadores?
- Estão aí pra trás- afirmou
O tripulante olhou para escuridão e não viu nada. Após alguns segundos o homem sussurrou.
- Esse cara é louco, está sozinho nadando a noite no meio do Rio Negro.
A balsa acabou passando, mas a expressão do balseiro foi somente de um balançar de cabeça, atestando como se fosse um médico psiquiatra, a loucura de Onildo.
Com muita dificuldade chegou ao seu destino as 19h;15min, com fome e cansado. 


                                                                                       Foto: arquivo pessoal 


OPORTUNIDADE
Os empresários da Coréia estavam sempre em suas competições de ciclismo. Não percebia a presença dos estrangeiros e nem imaginava os motivos de estarem sempre observando. No final de uma corrida, os coreanos lhe chamaram para uma conversa particular no antigo estádio Vivaldão, agora chamado Arena da Amazônia, localizado em Manaus. Logo que entrou na sala de reuniões, os empresários fizeram a proposta de contrato, porque viram em Onildo Filho algo incomum, que atleta algum possuía, ou seja, um talento raro que poderia evoluir. Como era muito novo, a naturalização para representar o país asiático foi abordado, devido a chance de adaptação ser grande.
Com a ingenuidade interiorana, ficou com medo, mas aceitou, meteu o papel com endereços e telefones na costura do calção. Acabou esquecendo, e na hora percebeu que a chance de mudar de vida e elevar seu nível de atleta tinha se desfeito pela água que estavam jogando na premiação da corrida de ciclismo. Assim a oportunidade desfaleceu-se com a mistura de papel e chuviscos de água.

APOSENTADORIA
“Pendurou as barbatanas” na última jornada, na prova mais difícil da carreira.  O desafio foi de Urucará para Parintins.
Sempre esteve em boa forma, mesmo estando com seus 54 anos de idade. Mas, a batalha era direto, sem descanso, ultrapassando noite a dentro. Caiu na água sábado as 13h40min e chegou domingo as 8h30min. Ainda pedalou quatro voltas na Avenida Amazonas e correu até chegar a linha de chegada.
Nunca parou totalmente de praticar esporte, até sua precoce morte, com apenas 57 anos, no final de julho de 2019, devido  um infarto!

ACERVO FOTOGRÁFICO
































Fotos do acervo pertencem ao arquivo pessoal de Onildo Filho, jornal Parintins em Tempo, Amazonas em Tempo e Vandineth Pires


quarta-feira, 9 de maio de 2018

FILA PARA O ÚLTIMO DIA DE REGULARIZAÇÕES DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE) PARINTINS, DOBRA A ESQUINA



MESMO O ÓRGÃO PÚBLICO NÃO EXIGINDO MAIS A BIOMETRIA PARA AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, A POPULAÇÃO COMPARECE EM MASSA PARA FAZÊ-LA

Por: José Brilhante


Foto: José Brilhante 

Os processos que estão sendo feitos nesta quarta-feira (09) é para as pessoas que estão irregular com a Justiça Eleitoral, como título cancelado, multas decorrente de não votar nas eleições passadas, transferência de títulos e primeira via do documento. Mas pela falta de informação dos eleitores a fila engrandece ainda mais pelo motivo das pessoas estarem querendo fazer a biometria.  
Alguns eleitores reclamam na demora e na falta de atendimentos preferenciais, mesmo com todos os 10 guichês (mesa de atendimento) funcionando. Em relação a longa espera por parte dos eleitores, a estudante, Naione Brandão relata: “no mínimo são duas horas para o atendimento, e que desde das 5 horas a fila já estava grande, dobrando a esquina”.
Em contra ponto, Marivaldo Lima, técnico judiciário do Cartório da Quarta Zona Eleitoral, fala que: “A fila é única e, os pontos de atendimentos preferenciais existem, porém a espera é inevitável, porque não podemos atender todos de uma vez só. Infelizmente o cartório não tem pessoas suficiente para atender uma grande quantidade de eleitores que deixam para o último dia, e por isso a fila fica imensa. Não é somente em Parintins, em outras cidades estão apresentando o mesmo problema”. 
Marivaldo ainda ressalta que as pessoas que estão com o título regular e que não tem nenhuma multa ou pendencia com a justiça eleitoral, não precisam fazer por enquanto a biometria. E que o TRE decidiu que essas pessoas não vão ter o documento de votação cancelado se não fizerem o processo, ou seja todas as pessoas que estão regular vão poder votar normalmente nas eleições de 2018”.
O atendimento começou as 8h e vai até as 19h com uma proporção de atendimento até no final do expediente, de mais de 600 pessoas, mesclando os preferenciais e os atendimentos normais.


FOTOS EXTRAS 

RECEPÇÃO DO TRE
GUICHÊS DE ATENDIMENTO  





terça-feira, 8 de maio de 2018

Raimundo Inácio, o “Piolho”: um vencedor que chegou na Seleção Brasileira de handebol


A convocação para Seleção Brasileira de handebol, ocorreu quando passou para a faculdade de Educação Física. Os colegas, o pegaram e rasparam sua cabeça como trote de iniciação! Aí foram duas emoções, aprovação na universidade e convocação para o time nacional.  

POR: JOSÉ BRILHANTE 
Fotos: arquivo pessoal de Raimundo Inácio 

                                          
Parintins, 1969 a 1972Os pais ficavam em frente às casas, nas calçadas para observar a molecada em horário de brincadeira e, com Raimundo Inácio, o Piolho, com apenas sete anos de idade não era diferente, seus pais, Jorge Pinto e dona Geralda, faziam a mesma coisa. Como na época a televisão era só para os mais afortunados, a única diversão era estripulias na rua.
A casa de Piolho era no centro de Parintins, próximo ao Baranda. Não existia muitas casas por ali, os terrenos eram grandes e cheios de árvores. Um prato cheio para brincar de geral, barra bandeira e pular de galho em galho. De noite, as aventuras continuavam. Com o passar dos anos, Raimundo, aprimorou-se nessas atividades que exigiam o máximo de destreza e esforço físico, só faltava canalizar para algum esporte. Os 10 anos que passou na cidade foi uma escola para seu esporte de sucesso (handebol), que até então era desconhecido.
O apelido Piolho veio de seu primeiro técnico, Lúcio Albuquerque. Logo que apareceu para treinar, todos especularam um codinome, porém quando o treinador olhou para ele, viu um cabeção e o corpo franzino, e logo disse que parecia um piolho. Desde então é conhecido no meio do esporte por este apelido. 

CONVITE PARA O HANDEBOL
Raimundo Inácio, o Piolho, saiu de Parintins com dez anos de idade, devido a transferência de seu pai por motivo de trabalho. Ficou longe de Manaus, cidade de onde é natural por este mesmo tempo, porque veio para ilha tupinambarana recém-nascido.
Após voltar à cidade natal, conheceu o handebol, através do convite dos irmãos. Era pequeno perto dos companheiros, mas devido aos anos de treinamentos (brincadeiras de rua), todos os fundamentos eram feitos com rapidez e habilidade em todas as posições, mas jogava na armação esquerda e central.
Ainda na infância ficou conhecido como bom atirador de pedras, que apanhava frutas no “toquinho”. Em uma das ocasiões de viagem, enquanto estudante universitário, Raimundo Inácio precisou vir a Parintins com a organização dos jogos escolares. Nessa ocasião encontrou um motorista, conhecido da família, que lembrou dele e de suas habilidades na pontaria.
- Você não é o filho de seu Jorge, do Banco do Brasil? Aquele que derrubava manga pelo cabo, sem ferir a fruta?
-Sim, sou eu - respondeu Raimundo Inácio
- Muito prazer, nem acredito, você está muito diferente! – exclamou o motorista.
Ao se despedir, o motorista, nem imaginava que esse talento, anos atrás, foi essencial para o desenvolvimento no esporte, onde Inácio estava fazendo sucesso. 

 ATLETA DE FÁBRICA
Logo foi notado pelas suas habilidades e, aos 15 anos, após 36 meses de treinamentos no Olímpico Clube (time que jogou), em 1977, Piolho, já fazia parte da primeira Seleção Amazonense juvenil. Em 1979 na mesma seleção chegou as semifinais dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), em Brasília, Distrito Federal. Ao completar 18 anos, já não podia mais jogar os jogos escolares brasileiro que vinha participando ano a ano. 
Ao saber das habilidades do jogador a fábrica EVADIN, (produtora dos aparelhos AKAI, AIKO, E MITSUBISHI), em 1979, contratou o jovem atleta para competir nas Olimpíadas Operárias que se realizava todos os anos entre as empresas de todo o Brasil, no mês de Maio. Em relação a essa competição Piolho relata com muita nostalgia: “A cidade parava para assistir as competições. A presença das empresas no dia da abertura, sempre em primeiro de maio (dia do trabalhador), contava ponto para classificação final, era uma grande festa. As empresas grandes, para reforçar suas equipes contratavam atletas para compor o quadro de funcionários. Imagina cinco ou seis ônibus indo para a torcida animar. E ainda deixavam o pessoal em casa após os jogos. Então era assim o handebol na minha época em que jogava”.
Sendo assim, acabou se profissionalizando pela empresa, ganhando salário somente para jogar no período de 1979 a 1988. Era contratado como técnico de esporte, porém sua real função era atleta de handebol. E como esportista oficial, servia também como garoto propaganda da empresa.
Foi pentacampeão de 1981 a 1985 pela Evadin. E por consequência a empresa tornou-se a vitrine de Raimundo Inácio, o Piolho, para Seleção Amazonense e para a seleção do Brasil. Mas, o fatores decisivos para se destacar foram as habilidades que possuía e os campeonatos brasileiros que disputou. Inclusive anos depois, em 1988, foi campeão brasileiro adulto, pela seleção do Amazonas.   


JOGO INESQUECÍVEL
Universidade Federal do Amazonas (UFAM) versos Senesc, nos Jogos Universitários do Amazonas (Juas-1988). Na ocasião surgiu a necessidade de ser goleiro. Os cinco primeiros minutos foram tensos. Todos os arremessos que o adversário lançou foram gols, muito pelo nervosismo que Piolho sentia no momento. O goleiro por um dia, relata como foi experiência de ser defensor: “Depois que sofri nos minutos iniciais eu dei um tapa na minha cara e disse pra mim mesmo: 'Ei rapaz, acorda! Está lesando é?'. Depois disso o time se espertou para o jogo e piolho acabou defendendo três sete metros (pênalti na linguagem do handebol), defendeu cinco bolas decisivas e ainda fez sete gols em baixo das traves, ganhando o fatídico jogo por um gol de diferença. 

SELEÇÃO BRASILEIRA
“Eu tinha entrado para faculdade de Educação Física e, lembro que estava no aniversário de uma atleta de handebol. Os convidados, sabendo disso, me seguraram e rasparam meu cabelo como em um trote de iniciação. Na semana seguinte, chegou a convocação para Seleção Brasileira de handebol. Foi uma emoção inexplicável, fiquei extasiado, foi para mídia e tudo. Então foram duas felicidades: passei na faculdade e fui convocado, tudo ao mesmo tempo”.  
Piolho estava com 21 anos, na sua primeira chamada, ainda era pra seleção júnior do Brasil. A equipe treinava para COPA LATINA em Marrocos, mas, devido a eminente guerra civil no país, a competição foi suspensa.
No ano seguinte em 1984 a convocação já foi para seleção adulta, visando o campeonato sul-americano. Na ocasião sofreu um choque de realidade. A seleção não possuía um investimento necessário para se ter uma boa estrutura de treinamento. E ainda existia a falta de comprometimento de alguns jogadores convocados de São Paulo que chegavam pela metade dos treinamentos. Depois de uns 15 dias a lista de corte chegou e Raimundo Piolho e mais alguns outros foram desligados do grupo.

DE JOGADOR A MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A partir de 1986 em diante, a crise financeira atingiu a indústria e, a Evadin foi parando com os incentivos a modalidade e por consequência não participando mais das competições. A escolha intelectual para si, foi devido ao pensamento lógico que teve quando exercia a profissão de jogador. Um dia parou e pensou que não sobreviveria o resto da vida jogando handebol. Como era contratado da empresa só para ser atleta, obtinha de tempo para estudar. Fez o
Vestibular pra Educação Física em 1983. Passou e começou na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em Manaus. Formou-se em 1987. Um ano depois, perdeu o emprego de jogador, mas já estava exercendo a profissão de professor. Em 2006 pela universidade de Sorocaba, apresentou sua dissertação de mestrado, intitulada, OS JOGOS E BRINCADEIRAS DE RUA, PULANDO MURO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE MAUÉS NO AMAZONAS, que abarca justamente as brincadeiras de rua que o ajudaram no handebol.
Em três décadas  de ensinamentos nas escolas e universidade, como educador, escreveu dois livros, um com parceria de outros colegas e o outro com seu irmão, João Bosco da Costa Pinto. O primeiro livro chama-se – Handebol: Aspectos Pedagógicos e Técnicas - que relata a experiência de anos no esporte, desde a história do esporte em questão, regras e treinamentos, escrito para o curso de Educação Física da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) em 2009. O segundo foi em contrato firmado com a editora Valer, intitulado - Handebol: Reflexões Didático-Pedagógicas e Técnicas - que demonstra quase o mesmo assunto, mas com temas mais aprofundados, ou seja, os livros tratam do handebol em todos os seus ensinamentos e fundamentos.

AVENTURA POLÍTICA
A contribuição para o handebol como jogador, treinador e dirigente, já não era mais suficiente. Chegou a amparar muitos jovens em situação de risco social com o esporte e, devido a sua trajetória esportiva vislumbrou a possibilidade de fazer algo em prol do esporte. E em 1996 acabou se candidatando para vereador em Manaus. Na campanha não possuía recursos, e para driblar as dificuldades, colocou um som em seu carro e passou a chama-lo de piolho móvel”. Assim, começou rodar toda cidade de Manaus, com o slogan que dizia: “Fique de olho, vote no piolho”. Não foi eleito, porém absorveu experiência. 


OLHAR CRÍTICO DO MESTRE
“O grande problema não é só aqui em Parintins, mas no estado todo. Não temos estrutura para trabalhar com o esporte. Não existe um espaço que possamos utilizar com mais frequência. Temos o ginásio Elias Assayag, mas é pago. De certa forma precisa fazer a manutenção e nesse ponto até concordo com a cobrança de taxas. 
No meu entendimento, incentivar o esporte não é só dar a bola e equipamento para o pessoal jogar, é sobretudo criar políticas públicas direcionadas ao esporte, que atenda a juventude parintinense, criando programas esportivos com duração mínima de um ano, com a avaliação, ocupando as praças esportivas da cidade com ações planejadas e com profissionais qualificados”.

ENCONTRO COM O REPÓRTER PARA ESSA BELA HISTÓRIA
Saí muito apressado, como um repórter iniciante. Nem falo do transporte que uso pela necessidade financeira. Costumo dizer que pratico o ciclismo forçadamente! Mas não é a minha história que importa aqui. Vamos ao que interessa!
No primeiro encontro, só me restava 30 minutos de conversa, devido ao aluno que ia orientar-se sobre trabalho de Conclusão de Curso(TCC). O mestre, outrora campeão de handebol, me esperava em sua sala, sentado e tranquilo.  Quando entrei, cumprimentou-me com um sorriso no rosto. Logo pensei: "Irei sair daqui com uma bela história para publicar!". 
A conversa iniciou e, a felicidade de relembrar suas glórias e tristezas para esse repórter que vos fala, era aparente. O computador é a prova do “crime”, carregado de fotos e vídeos que remontam os melhores dias de sua vida, como o mesmo fala. A cada registro que encontrava no notebook, eram centelhas de lembranças que se materializavam quase que de imediato para a felicidade do repórter.
Ao fim da entrevista Raimundo Inácio, na segunda seção de diálogo, sempre com o carisma, mesmo depois de horas de conversa, acaba revelando o apelido paralelo, Tom Gruise da floresta, adquirido na universidade, devido a suas chegadas para dar aula, “disfarçado” com óculos escuros. 




ACERVO FOTOGRÁFICO
Família Pinto


   Seleção Amazonense 


Seleção Amazonense no  JEBs da Paraíba, 1978. Inácio é, o sétimo homem da esquerda para direita com  16 ANOS


Lançamento de um de seus livros 
Primeiro técnico: Lúcio Albuquerque




  

















    


segunda-feira, 7 de maio de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: O FRACASSO ATUAL DO FUTEBOL TUPINAMBARANA



Por: José Brilhante


                                                              Foto: José Brilhante                                Futebol assim, só com os talentos do passado 



Nas décadas de 60 a 90 vivemos o apogeu do futebol em Parintins. No decorrer desses 30 anos, times como Flamengo Botafogo e até Garrincha visitaram a cidade para fazer amistosos ou jogos festivos. Sulamérica e Amazonas Futebol Clube reuniam milhares de torcedores no clássico “Sulamba versos Cobra Coral”.
Tínhamos times competitivos, que onde chegavam para jogar eram temidos. Grandes jogadores se destacavam no senário esportivo amazônico. Em tempos de hoje, só já temos revelações em memorias e narrações ditas por torcedores fanáticos do passado. Às vezes me pergunto, cadê os adjetivos depois do nome de cada jogador? Os “fenômenos tupiniquins”, os “torpedos”, os “foguetes”, onde estão? Todos sumiram.  
Quando pergunto a um jovem de Parintins para que time torce, a resposta é automática: “torço, para o Vasco, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Atlético Mineiro”. Há trinta anos atrás isso era diferente, a alegria era torcer pelo Cobra Coral, São Cristóvão, Sulamba ou Jack Clube.  
Entretanto a situação atual é degradante, vai além da perda de torcedores e o esquecimento para com os clubes locais. Jogadores não possuem comprometimento com suas equipes. Só querem aparecer na hora de jogar, não são todos, mas os poucos que ainda possuem responsabilidades são pagos ou possuem um comprometimento que adquiriram com os veteranos.
As drogas licitas e Ilícitas encurtam carreiras de atletas. Jogadores com apenas 25 anos amanhecem nas mesas de bar após uma vitória ou derrota, o resultado não importa, o destino é sempre uma rodada de álcool para saciar o vício. A consequência é a queda de rendimento e qualidade. Não coloco todos em um mesmo saco, porém são poucos os que se comprometem e, levam a sério o futebol para iguala-lo ao profissional, mesmo não tendo condições para isso.   
Centelhas de recuperação surgem ao longo dos anos. A Copa de futsal, organizada por uma empresa de rádio da cidade é um exemplo. Acontece uma vez ao ano com as equipes de Parintins e de municípios circunvizinhos. Mas os times deste campeonato também enfrentam o problema crônico que é o jogador contemporâneo.
Os “atletas de futebol” não possuem formação atlética ou não tem a menor noção de como são as regras atuais da modalidade, nem acompanham as atualizações. Muitos acabam jogando partidas em troca de garrafas de bebidas alcoólicas ou qualquer 500 reais por temporada.
Jogadores considerados de alto nível tem que trabalhar em outros empregos para sustentar a família, porque não temos o profissionalismo no futebol. Uma cidade com 114 mil pessoas e com uma renda de 231 milhões de reais, anual, (fonte IBGE), não ampara atletas que poderiam estar vivendo do esporte.  
 O apoio não dado pelo poder executivo municipal também contribui para o futebol anacrônico que possuímos. Dirigentes e presidentes acabam se humilhando em busca de patrocínios, fazem churrasco, pizza, ou todo tipo de promoção para colocar suas equipes apresentáveis em quadra ou em campo. Inscrições exorbitantes e taxas extras de campeonatos acabam por tirar a oportunidade de clubes mais humildes de participar de competições, assim fazendo-os cair no buraco da ociosidade.
A liga de futsal e de futebol de campo do município, não recebem auxílios para organizações de campeonatos, muito menos para premiações. Mesmo quando prometidas pelo poder público, ainda ficam esperando meses para receber e repassar para os ganhadores de respectivos campeonato.
A falta de qualificação dos próprios técnicos e árbitros das competições é um agravo. Parintins está na realidade de não possuir nenhum time em primeira divisão do estadual. Será que um curso bancado por nossos impostos direcionados pelos nossos governantes, não melhoraria a qualidade e o material humano do futebol parintinense? Tenho certeza que sim.
Uma simples política pública alavancaria a situação atual. Jogadores não se viciariam em drogas ou não acabariam suas carreiras no alcoolismo se obtivéssemos uma base solidada e um acompanhamento desde dos primeiros anos de atleta.
Em pleno 2018, vivemos um paradoxo. Estamos em uma máquina do tempo onde o futebol de Parintins retrocedeu ao presente. Realidade muito diferente quando comparado a outros municípios do estado. Porém, esperanças surgem, escolinhas de futsal e futebol estão mudando essa realidade ao longo do tempo. Mesmo que o resultado demore, algo irá mudar.  



OBS: Todas essas afirmações foram um trabalho de investigação baseadas em pesquisas e entrevistas em loco em clubes e campeonatos. Observações que não é muito difícil de se detectar.  Nada foi inventado ou manipulado. 

POSTAGENS RELEVANTES