segunda-feira, 7 de maio de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: O FRACASSO ATUAL DO FUTEBOL TUPINAMBARANA



Por: José Brilhante


                                                              Foto: José Brilhante                                Futebol assim, só com os talentos do passado 



Nas décadas de 60 a 90 vivemos o apogeu do futebol em Parintins. No decorrer desses 30 anos, times como Flamengo Botafogo e até Garrincha visitaram a cidade para fazer amistosos ou jogos festivos. Sulamérica e Amazonas Futebol Clube reuniam milhares de torcedores no clássico “Sulamba versos Cobra Coral”.
Tínhamos times competitivos, que onde chegavam para jogar eram temidos. Grandes jogadores se destacavam no senário esportivo amazônico. Em tempos de hoje, só já temos revelações em memorias e narrações ditas por torcedores fanáticos do passado. Às vezes me pergunto, cadê os adjetivos depois do nome de cada jogador? Os “fenômenos tupiniquins”, os “torpedos”, os “foguetes”, onde estão? Todos sumiram.  
Quando pergunto a um jovem de Parintins para que time torce, a resposta é automática: “torço, para o Vasco, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Atlético Mineiro”. Há trinta anos atrás isso era diferente, a alegria era torcer pelo Cobra Coral, São Cristóvão, Sulamba ou Jack Clube.  
Entretanto a situação atual é degradante, vai além da perda de torcedores e o esquecimento para com os clubes locais. Jogadores não possuem comprometimento com suas equipes. Só querem aparecer na hora de jogar, não são todos, mas os poucos que ainda possuem responsabilidades são pagos ou possuem um comprometimento que adquiriram com os veteranos.
As drogas licitas e Ilícitas encurtam carreiras de atletas. Jogadores com apenas 25 anos amanhecem nas mesas de bar após uma vitória ou derrota, o resultado não importa, o destino é sempre uma rodada de álcool para saciar o vício. A consequência é a queda de rendimento e qualidade. Não coloco todos em um mesmo saco, porém são poucos os que se comprometem e, levam a sério o futebol para iguala-lo ao profissional, mesmo não tendo condições para isso.   
Centelhas de recuperação surgem ao longo dos anos. A Copa de futsal, organizada por uma empresa de rádio da cidade é um exemplo. Acontece uma vez ao ano com as equipes de Parintins e de municípios circunvizinhos. Mas os times deste campeonato também enfrentam o problema crônico que é o jogador contemporâneo.
Os “atletas de futebol” não possuem formação atlética ou não tem a menor noção de como são as regras atuais da modalidade, nem acompanham as atualizações. Muitos acabam jogando partidas em troca de garrafas de bebidas alcoólicas ou qualquer 500 reais por temporada.
Jogadores considerados de alto nível tem que trabalhar em outros empregos para sustentar a família, porque não temos o profissionalismo no futebol. Uma cidade com 114 mil pessoas e com uma renda de 231 milhões de reais, anual, (fonte IBGE), não ampara atletas que poderiam estar vivendo do esporte.  
 O apoio não dado pelo poder executivo municipal também contribui para o futebol anacrônico que possuímos. Dirigentes e presidentes acabam se humilhando em busca de patrocínios, fazem churrasco, pizza, ou todo tipo de promoção para colocar suas equipes apresentáveis em quadra ou em campo. Inscrições exorbitantes e taxas extras de campeonatos acabam por tirar a oportunidade de clubes mais humildes de participar de competições, assim fazendo-os cair no buraco da ociosidade.
A liga de futsal e de futebol de campo do município, não recebem auxílios para organizações de campeonatos, muito menos para premiações. Mesmo quando prometidas pelo poder público, ainda ficam esperando meses para receber e repassar para os ganhadores de respectivos campeonato.
A falta de qualificação dos próprios técnicos e árbitros das competições é um agravo. Parintins está na realidade de não possuir nenhum time em primeira divisão do estadual. Será que um curso bancado por nossos impostos direcionados pelos nossos governantes, não melhoraria a qualidade e o material humano do futebol parintinense? Tenho certeza que sim.
Uma simples política pública alavancaria a situação atual. Jogadores não se viciariam em drogas ou não acabariam suas carreiras no alcoolismo se obtivéssemos uma base solidada e um acompanhamento desde dos primeiros anos de atleta.
Em pleno 2018, vivemos um paradoxo. Estamos em uma máquina do tempo onde o futebol de Parintins retrocedeu ao presente. Realidade muito diferente quando comparado a outros municípios do estado. Porém, esperanças surgem, escolinhas de futsal e futebol estão mudando essa realidade ao longo do tempo. Mesmo que o resultado demore, algo irá mudar.  



OBS: Todas essas afirmações foram um trabalho de investigação baseadas em pesquisas e entrevistas em loco em clubes e campeonatos. Observações que não é muito difícil de se detectar.  Nada foi inventado ou manipulado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POSTAGENS RELEVANTES