Texto e imagens: José Brilhante
Era
1960, naquela pequena sala, onde o lúgubre e o crepúsculo
prevalecia. Os dedos deslizavam na folha branca, como uma pintura em
pincel que dedica tempo e talento. Perto está o gravador Philips,
sempre gigante, onde declarações, até de amores perdidos e os que
se foram, são guardados!
O
tilintar da máquina de escrever Smith Corona,
eram os sons dos fatos sendo materializados. Era uma alquimia das
letras, transformando-se em arte, sendo sempre mágica.
Para
quem estava no comando, beirava a um Sherlock Holmes, derrubando
presidentes, mostrando guerras e denunciando os maus feitores.
A
solidão e silêncio ainda são os principais companheiros. O cigarro
e aquela dose de uísque eram apenas o combustível para as grandes
jornadas intermináveis.
É
tudo culpa da notícia que não cansa, com suas aparições vorazes,
que mesmo “casando-as” elas escapam pelas mãos.
Em
momentos periodista, outros, andarilho, com seu suspensório e chapéu Panamá. Aquela característica que ao longe se avista, que é quem
está em busca da informação.
A
caminhada é sempre infinita. Os rumores, estão sempre à espreita,
ansiosos por serem investigados. Hoje eles aparecem aos montes, como
o anúncio
do novo filme no Cine na cidade. Amanhã são escassos, retrocedendo
ao tempo da pacata Parintins, onde as luzes se apagavam as nove horas
da noite. Oriental, ou a chegada da primeira televisão.
O mercado municipal sempre foi a grande atração, onde as filas de outrora, as cinco da manhã, ultrapassando a antiga “pernambucana”, encontravam-se cheias de secretarias do lar em busca dos alimentos. Uma utopia, visto de perto, aquela pequena cidade funcionando dia a dia.
Nas
casas dos “barões”, as silhuetas ainda surgem, ao final da tarde
nas janelas, enamorando-se, lendo folhetins ou avistando os
parintinenses de chapéus de palha e bicicleta Caloi nas dantes
desérticas ruas. É uma volta ao tempo que perpassa aos olhos de
quem somente passa!
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