domingo, 16 de agosto de 2020

TaMo Juntas: o empoderamento feminino no Hip-Hop


O coletivo chamado TaMo Juntas é uma organização de mulheres artistas de Parintins, que iniciou com dançarinas de Breakdance (B-girl), mas que se estendeu também para o campo das artes visuais, no Grafite. O intuito, a partir de então, não é somente se juntar para dançar, mas para lutar contra as injustiças sociais, pela equidade de gênero dentro do cenário e, o empoderamento feminino, no lado artístico. 

 

POR: JOSÉ BRILHANTEFotos: Eduardo Melo, Expedito Calixto XP e Lamartine Silva

  

Tudo começou com Nita Paes, atualmente coordenadora do coletivo, em novembro de 2018, junto com suas parceiras B-girls (mulheres pertencentes a cultura Hip-Hop), Criz, Tatá, Rose, Monique e Gleice.

Daí em diante, tudo evoluiu. De um pequeno projeto onde as reuniões aconteciam na casa da coordenadora, para uma ferramenta de união que deu visibilidade ao potencial das dançarinas parintinenses.

A luta era e ainda é, por mais representatividade e empoderamento feminino, na cultura do Hip-Hop e local. A ideia foi unir primeiramente B-girls em um coletivo só de mulheres, mas com quase dois anos de atividades, acabou se estendendo também para campo das artes visuais, com o Grafite.

É uma dança democrática, onde todos são bem vindos. Para começar só precisa querer e conhecer a cultura.

Atualmente o coletivo tem em média 30 mulheres incluindo crianças, jovens e adolescentes. Estão divididas em dois subgrupos: dançarinas e artistas visuais.

O Hip-Hop, instrumento artístico principal do coletivo, possui quatro elementos: Djs, Mcs, Grafite e Breaking. Sendo o último, onde o TaMo Juntas, com mulheres sempre buscando formação profissional e acadêmica, atuam com mais frequência.  Mas, não deixando de lado os outros.


A IMPORTÂNCIA DO COLETIVO EM RELAÇÃO A REPRESENTATIVIDADE FEMININA

No movimento Hip-Hop, as mulheres estão cada vez mais se unindo, isso é perceptível não somente em Parintins com o Coletivo de Mulheres Artistas TaMo Juntas - TMJ, como no país inteiro.  

 

Já adquiriram o reconhecimento, mas, não na proporcionalidade que elas merecem, na equidade. 

A partir disso, Tatá que também cuida das redes sociais do coletivo (assessora), explica a pouca adesão por parte das mulheres no movimento: “O machismo ainda é preponderante dentro da cultura Hip-Hop, e ainda impede muitas de continuar. Hoje em dia uma mulher representa várias mulheres dentro da cena. Não são muitas como a quantidade de homens, mas sempre são resistência”. 


TAMO JUNTAS, NO MAIOR CAMPEONATO DE BREAKDANCE DO MUNDO: RED BULL BC ONE

Ao longo do tempo, as diretoras do coletivo, fazem de tudo para que as integrantes estejam participando de campeonatos a nível municipal, estadual e internacional. Sempre com a ajuda de apoios e parcerias.

No ano passado, em 2019, marcaram presença na eliminatória da maior competição de Breakdance do mundo, Red Bull BC One, que teve umas de suas etapas em Manaus.

Na capital, quatro TaMo Juntas, conseguiram vagas entre as oito melhores do Estado do Amazonas.  A B-girl, Criz chegou à final. Tiveram também no Festival Afro-Amazônico de Cultura Popular, onde representaram as Icamiabas, através de uma performance de danças urbanas.

Conheça mais sobre o Red Bull BC One clicando no link: https://www.google.com/amp/s/amp.redbull.com/br-pt/breve-historia-do-red-bull-bc-one


A PARTICIPAÇÃO DOS HOMENS E DAS CRIANÇAS NO COLETIVO 

Apoiadores e colaboradores

Como trabalham no conceito de equidade (senso de justiça), homens também participam dando apoio e incentivo. A uma gama de B-boys, como o artista visual Pito Silva, Márcio, Glaucivan (fundador do Movimento Hip-Hop na cidade) e também o Biólogo Hendrew Nunes que é o secretário do coletivo. Todos de alguma forma ajudam a fazer das mulheres, as protagonistas da arte em Parintins.

As crianças do Coletivo, geralmente são filhas, filhos ou parentes de quem já participa. Sempre são acolhidas pelas atuantes mais experientes e recebem uma atenção especial por estarem começando uma nova trajetória.

Até o início do ano, 2020, estavam organizando um projeto para atender mais crianças por meio de aulas presenciais. Com esforço, as participantes do TaMo Juntas, se propuseram a oferecer aulas gratuitas, mas, infelizmente ainda não foi possível dar prosseguimento aos projetos, por conta da pandemia do novo Coronavírus.


A DIFICULDADE DO DIA A DIA NO HIP- HOP

Com todos seus estilos, a cultura, ainda é muito marginalizada. “Quem realmente conhece a história dessa manifestação sabe que representa muito a vida das pessoas, a alma da periferia, o cotidiano daqueles que lutam por uma realidade melhor” relata a assessora, não encerrando o pensamento.  “A mulher dentro da cena, ainda é minoria, mas sempre foi/é ‘resistência’ tanto em relação às B-girls (dançarinas) como Mc's, grafiteiras e Dj's”.

Na opinião ainda de Tássia, o ‘feminino’ ainda incomoda dentro do universo Hip-Hop. São poucos os que realmente apoiam, mas ainda tem muitos que as admiram e aplaudem.

Quando as veem fazendo o que amam, os pensamentos se dividem. Uma mulher no meio de muitos homens praticando o Breakdance, pensam que as dançarinas não fazem nada da vida, além de dançar e perder tempo.

“Eles   ainda não entendem que a dança pra quem ama é um estilo de vida, que cada um tem uma vida normal como qualquer outra pessoa, que trabalha, estuda e que compartilha também de uma família e responsabilidades. Creio que muitos ainda precisam conhecer a cultura Hip-Hop, e eu teria o prazer de apresentar, para não haver dúvidas sobre nossa arte, o que fazemos e o que somos” desabafa Tatá.


O COLETIVO NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E OS PROJETOS PARA O FUTURO 

Apesar do distanciamento, as atividades continuaram, mas só voltarão com o presencial quando tiverem uma certeza científica de que a doença não apresentará mais riscos.

Tudo se modificou de uma hora para outra. Não ter contato pessoalmente, tornou-se difícil, porque nem todas as participantes possuem internet. Mas, com dificuldade, conseguem se reunir, através das plataformas sociais e continuar indiretamente as atividades. 

Nos tempos atuais, estão trabalhando no presente, não sabem o que o futuro lhes reserva. Os projetos e planos, ainda continuam à espera do fim do vírus que assolou o mundo.



  

 


 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

POSTAGENS RELEVANTES