O
coletivo chamado TaMo Juntas é uma organização de mulheres artistas de
Parintins, que iniciou com dançarinas de Breakdance (B-girl), mas que se
estendeu também para o campo das artes visuais, no Grafite. O
intuito, a partir de então, não é somente se juntar para dançar, mas para lutar
contra as injustiças sociais, pela equidade de gênero dentro do cenário e, o
empoderamento feminino, no lado artístico.
POR:
JOSÉ BRILHANTEFotos:
Eduardo Melo, Expedito Calixto XP e Lamartine Silva
Tudo começou com Nita Paes, atualmente
coordenadora do coletivo, em novembro de 2018, junto com suas parceiras B-girls
(mulheres pertencentes a cultura Hip-Hop), Criz, Tatá, Rose, Monique e Gleice.
Daí em diante, tudo evoluiu. De um pequeno projeto onde as reuniões aconteciam na casa da coordenadora, para uma ferramenta de
união que deu visibilidade ao potencial das dançarinas parintinenses.
A luta era e ainda é, por mais
representatividade e empoderamento feminino, na cultura do Hip-Hop e local. A
ideia foi unir primeiramente B-girls em um coletivo só de mulheres, mas com
quase dois anos de atividades, acabou se estendendo também para campo das artes
visuais, com o Grafite.
É uma dança democrática, onde todos são bem
vindos. Para começar só precisa querer e conhecer a cultura.
Atualmente o coletivo tem em média 30 mulheres
incluindo crianças, jovens e adolescentes. Estão divididas em dois subgrupos: dançarinas
e artistas visuais.
O Hip-Hop, instrumento artístico principal do
coletivo, possui quatro elementos: Djs, Mcs, Grafite e Breaking. Sendo o
último, onde o TaMo Juntas, com mulheres sempre buscando formação profissional e
acadêmica,
atuam com mais frequência. Mas, não deixando de lado os outros.
A IMPORTÂNCIA DO COLETIVO EM RELAÇÃO A REPRESENTATIVIDADE FEMININA
No movimento Hip-Hop, as mulheres estão cada
vez mais se unindo, isso é perceptível não somente em Parintins com o Coletivo
de Mulheres Artistas TaMo Juntas - TMJ, como no país inteiro.
Já adquiriram o reconhecimento, mas, não na
proporcionalidade que elas merecem, na equidade.
A partir
disso, Tatá que também cuida das redes sociais do coletivo (assessora), explica
a pouca adesão por parte das mulheres no movimento: “O machismo ainda é preponderante
dentro da cultura Hip-Hop, e ainda impede muitas de continuar. Hoje em dia uma
mulher representa várias mulheres dentro da cena. Não são muitas como a
quantidade de homens, mas sempre são resistência”. TAMO JUNTAS, NO MAIOR CAMPEONATO DE BREAKDANCE
DO MUNDO: RED BULL BC ONE Ao longo do tempo, as diretoras do coletivo, fazem de tudo para que as integrantes estejam participando de campeonatos a
nível municipal, estadual e internacional. Sempre com a ajuda de apoios e
parcerias.
No ano passado, em 2019, marcaram presença na eliminatória da maior competição de Breakdance do mundo, Red Bull BC One, que teve umas de suas etapas em Manaus. Na capital, quatro TaMo Juntas, conseguiram
vagas entre as oito melhores do Estado do Amazonas. A B-girl, Criz chegou à final. Tiveram também
no Festival Afro-Amazônico de Cultura Popular, onde representaram as Icamiabas, através de uma performance de
danças urbanas. Conheça mais sobre o Red Bull BC One clicando no link: https://www.google.com/amp/s/amp.redbull.com/br-pt/breve-historia-do-red-bull-bc-one A PARTICIPAÇÃO DOS HOMENS E DAS CRIANÇAS NO
COLETIVO Como trabalham no conceito de equidade (senso
de justiça), homens também participam dando apoio e incentivo. A uma gama de B-boys,
como o artista visual Pito Silva, Márcio, Glaucivan (fundador do Movimento Hip-Hop
na cidade) e também o Biólogo Hendrew Nunes que é o secretário do coletivo. Todos de alguma forma ajudam a fazer
das mulheres, as protagonistas da arte em Parintins. As crianças do Coletivo, geralmente são
filhas, filhos ou parentes de quem já participa. Sempre são acolhidas pelas
atuantes mais experientes e recebem uma atenção especial por estarem começando uma
nova trajetória.
Até o início do ano, 2020, estavam
organizando um projeto para atender mais crianças por meio de aulas
presenciais. Com esforço, as participantes do TaMo Juntas, se propuseram a oferecer aulas gratuitas, mas,
infelizmente ainda não foi possível dar prosseguimento aos projetos, por conta
da pandemia do novo Coronavírus. A DIFICULDADE DO DIA A DIA NO HIP- HOP Com todos seus estilos, a cultura, ainda é
muito marginalizada. “Quem realmente conhece a história dessa manifestação sabe que representa
muito a vida das pessoas, a alma da periferia, o cotidiano daqueles que lutam
por uma realidade melhor” relata a assessora, não encerrando o pensamento. “A mulher dentro da cena, ainda é minoria, mas
sempre foi/é ‘resistência’ tanto em relação às B-girls (dançarinas) como Mc's,
grafiteiras e Dj's”. Na opinião ainda
de Tássia, o ‘feminino’ ainda incomoda
dentro do universo Hip-Hop. São poucos os que realmente apoiam, mas ainda tem
muitos que as admiram e aplaudem. Quando as veem fazendo o que amam, os
pensamentos se dividem. Uma mulher no meio de muitos homens praticando o Breakdance, pensam que as dançarinas não
fazem nada da vida, além de dançar e perder tempo. “Eles ainda não entendem que a dança pra quem ama é um estilo de vida, que cada um tem uma vida normal como qualquer outra pessoa, que trabalha, estuda e que compartilha também de uma família e responsabilidades. Creio que muitos ainda precisam conhecer a cultura Hip-Hop, e eu teria o prazer de apresentar, para não haver dúvidas sobre nossa arte, o que fazemos e o que somos” desabafa Tatá. O COLETIVO NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E OS PROJETOS PARA O FUTURO Apesar do distanciamento, as atividades
continuaram, mas só voltarão com o presencial quando tiverem uma certeza
científica de que a doença não apresentará mais riscos. Tudo se modificou de uma hora para outra. Não ter contato pessoalmente, tornou-se difícil, porque nem todas as participantes possuem internet. Mas, com dificuldade, conseguem se reunir, através das plataformas sociais e continuar indiretamente as atividades. Nos tempos atuais, estão trabalhando no presente, não sabem o que o futuro
lhes reserva. Os projetos e planos, ainda continuam à espera do fim do vírus
que assolou o mundo. |
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